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domingo, 14 de abril de 2024

Porque não faz sentido afirmar que o Livro de Mórmon é um outro testamento de Jesus Cristo

            O Livro de Mórmon é segundo a tradição SUD um Outro Testamento do Senhor Jesus Cristo. Essa informação se encontra na capa do livro como se vê na imagem abaixo:



               A palavra “testamento” na Bíblia e na Tradição Cristã significa “aliança”, isso remonta às duas alianças relatadas no livro, a primeira de Deus com a nação de Israel. Compreendendo os livros do Antigo Testamento, e a segunda com toda a humanidade, compreendendo os do Novo Testamento. O acontecimento que marca a divisão entre as duas partes do livro é o ministério de Jesus Cristo, tendo sido o Novo Testamento escrito pelos discípulos de Jesus e o Antigo Testamento pelos profetas e escribas da religião israelita, ou judaica. Claramente na tradição SUD o livro de Mórmon tem a função de ser uma espécie de Mais Novo Testamento, como se ele estivesse ali depois do livro de apocalipse dentre os livros da própria Bíblia Sagrada. Embora os SUD enfatizem bastante que o livro de Mórmon não é um outra Bíblia, eles tem em teoria o mesmo grau de relevância1, embora como podemos observar numa conversa com qualquer SUD o livro de Mórmon é tratado entre eles como mais importante que a Bíblia por ser “o livro mais verdadeiro na face da Terra”.. Observe por exemplo esta citação de Joseph Smith Jr sobre o livro:

“Eu disse aos irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra e a pedra fundamental de nossa religião; e que seguindo seus preceitos o homem se aproximaria mais de Deus do que seguindo os de qualquer outro livro.”2

            Como já introduzi brevemente o grau de importância do livro de Mórmon e como funciona a divisão da Bíblia Sagrada em dois testamentos vou agora trazer o meu argumento de porque não faz sentido chamar qualquer outro livro sagrado de um outro testamento de Jesus Cristo dentro da tradição cristã. O termo testamento usado por Joseph Smith Jr parece ter sido infantilmente usado como sinônimo de testemunho, ou testificação, significado que até faria sentido em qualquer outro contexto3, isso porque a palavra testamento pode ser usada como sinônimo de declaração ou documento, apesar de isso não ser comum, mas não faz sentido no contexto da tradição teológica cristã, porque como já mencionado acima a acepção da palavra na tradição cristã remonta a aliança, concerto, de Deus com seu povo.

            O Novo Testamento é uma espécie de releitura no Antigo Testamento trazendo à luz a intenção do Deus de Israel, ou dos judeus, de ser o Deus de todos os povos da Terra. Isso é bastante claro nas páginas do Antigo Testamento, mas o povo da antiga aliança não compreendia isso na sua totalidade, mesmo os discípulos de Jesus tiveram dificuldade de compreender como pessoas de outras nações iriam se tornar “israelitas” e detentoras das mesmas bençãos dadas a Abraão e seus descendentes. Um ótimo episódio no Novo Testamento para compreender isso é o encontro de Jesus Cristo com a mulher samaritana junto ao poço, relatado em João 4-1-424, onde a mulher pergunta a Jesus onde é que devemos adorar a Deus, se no monte, costume samaritano, ou no templo em Jerusalém, costume judeu, mas Jesus lhe dá uma resposta impressionante:

"Mulher, creia no que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a Deus nem neste monte nem em Jerusalém. Vocês, samaritanos, não sabem o que adoram, mas nós sabemos o que adoramos porque a salvação vem dos judeus. Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem. Deus é Espírito, e por isso os que o adoram devem adorá-lo em espírito e em verdade."

              Jesus estava claramente afirmando que a adoração ao Deus de Israel não se daria no templo, ou no monte, ou seja, seguindo os preceitos da religião dos judeus ou dos samaritanos, mas um novo tempo e que Deus seria adorado por todas as nações estava chegando, onde os padrões de adoração vigentes, delimitados pela religião israelita, seriam substituídos por algo mais abrangente, universal. Ali há uma clara referência ao derramamento do Espírito Santo sobre toda carne, como descrito em Joel 25, e cumprido no dia de pentecostes após a morte e ressurreição de Jesus6, naquele episódio pessoas de todas as nações ouviram os discípulos falarem da grandeza de Deus em seus próprios idiomas e a semente do Evangelho de Jesus começou a se espalhar pelo mundo inteiro.

        Em virtude da necessidade de alcançar a todos os povos Cristo literalmente fez um novo testamento, ou aliança, com sua morte, sendo essa aliança nova e eterna, não sendo necessária nenhuma outra, ou seja, não sendo necessário nenhum outro testamento além do que já existe por meio de Cristo. Nas palavras do autor da epístola aos Hebreus 9:15-227:

"Portanto, é Cristo quem consegue fazer uma nova aliança, para que os que foram chamados por Deus possam receber as bênçãos eternas que o próprio Deus prometeu. Isso pode ser feito porque houve uma morte que livrou as pessoas dos pecados que praticaram enquanto a primeira aliança estava em vigor. Onde há um testamento , é necessário provar que a pessoa que o fez já morreu. Pois o testamento não vale nada enquanto estiver vivo quem o fez; só depois da morte dessa pessoa é que o testamento tem valor. É por isso que a primeira aliança entrou em vigor somente com o uso do sangue de animais. Em primeiro lugar, Moisés anunciou ao povo todos os mandamentos conforme estavam na lei. Depois pegou o sangue dos bezerros e dos bodes, misturou com água e borrifou o livro da lei e todo o povo, usando lã tingida de vermelho e hissopo. Então disse: "Este é o sangue que sela a aliança, que Deus mandou vocês obedecerem." Da mesma forma Moisés também borrifou sangue sobre a Tenda e sobre todos os objetos usados na adoração. De fato, de acordo com a lei, quase tudo é purificado com sangue. E, não havendo derramamento de sangue, não há perdão de pecados."

        O Livro de Mórmon é muito querido pelos membros da Igreja SUD. Minha intenção com este estudo não é menosprezar ou ofender a fé de nenhum de seus membros, mas alertar a quem esteja buscando respaldo bíblico para esse livro de que ele não é legítimo do ponto de vista cristão, ou bíblico. Não faz o menor sentido o Livro de Mórmon ser um outro testamento de Jesus Cristo.

Referências:

1 – Perguntas Frequentes Sobre O Livro de Mórmon. Disponível em: <https://www.churchofjesuschrist.org/study/liahona/2011/10/common-questions-about-the-book-of-mormon?lang=por#title1>. Acesso em 14 de Abril de 2024.

2 – Introdução ao Livro de Mórmon. Disponível em: <https://www.churchofjesuschrist.org/study/scriptures/bofm/introduction?lang=por&id=6#p6>. Acesso em 14 de Abril de 2024.

3 – Definições de Testamento. Dicionário Priberam. Disponível em: <https://dicionario.priberam.org/testamento>. Acesso em 14 de Abril de 2024.

4 – Jesus e a mulher samaritana. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/ntlh/jo/4/1-42> Acesso em: 14 de Abril de 2024.

5 – O Dia do Senhor. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/ntlh/jl/2> Acesso em 14/ de Abril de 2024.

6 - A vinda do Espírito Santo. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/ntlh/atos/2>. Acesso em 14 de Abril de 2024.

7 – A morte de Cristo e a nova aliança. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/ntlh/hb/9/15-22>. Acesso em 14 de Abril de 2024

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Um Debate Sobre Arminianismo e Calvinismo na Internet

Esta discussão se iniciou na internet depois de uma publicação da seguinte imagem:

O debate em si se estende há séculos.

O Calvinismo surgiu como uma volta à teologia de Santo Agostinho por ocasião da Reforma Protestante. Como bem sabemos, Santo Agostinho foi um profícuo teólogo que muito contribuiu para a soteriologia e condenou veementemente as ideias apregoadas por Pelágio de que o homem é naturalmente bom com todas as suas consequencias lógicas incluindo a negação da doutrina do pecado original. O protestantismo, de uma forma geral, conseguiu vencer o semi-pelagianismo, uma derivação do pelagianismo, predominante em sua época através desse retorno às idéias de Santo Agostinho, e principalmente, às Escrituras. Já o arminianismo, apesar de possuir os mesmos valores do calvinismo e do protestantismo em geral, surgiu como uma alternativa à visão determinista de Calvino. Para Armínio, a imagem de Deus criada pelo calvinismo era a de um ser mal e incompassivo, algo bem diferente do Deus revelado nas Escrituras, um Deus justo e amoroso, que resgata os pecadores da perdição eterna através do sacrifrício vicário de seu Filho. Para Armínio o amor e a justiça de Deus estão no mesmo patamar.

Calvinismo e arminianismo representam sobretudo paradigmas de interpretação da Bíblia. Se o leitor da bíblia é calvinista, ele vai interpretar os textos segundo essa ótica, e assim também o arminiano. O que marca esses paradigmas são seus pressupostos.

De forma resumida vemos aqui as diferenças básicas entre essas duas linhas teológicas.

Para o calvinista a fé é um dom de Deus e isso significa que Deus dá a fé ao crente de forma que este não pode resistir à mesma. Ele então crê e persevera até o fim. O salvo já é salvo antes de crer. Não é possível apostatar da fé, já que Deus é mais forte que nós. Fica então o problema. Por que Deus não dá o dom da fé a todos para que assim todos se salvem? Para o calvinista, os eternos propósitos de Deus são que alguns se salvem e outros se percam, de forma que Deus criou os eleitos para a a salvação eterna e os réprobos para a perdição eterna. Tudo já está predeterminado desde a aternidade e tudo o que acontece no mundo foi determinado ativamente por Deus, inclusive este artigo que eu estou escrevendo e que, para os calvinistas, não agrada a Ele nem um pouco. Tudo que há de bom ou de mal no mundo é orquestrado por Deus.

Para o arminiano a fé é a resposta do homem à graça divina. Isso significa que Deus fala aos corações dos homens e estes podem ou não resistir a essa graça. Quem perseverar até o fim herdará a vida eterna. Para alguns arminiaos é possível apostatar da fé, para outros não. Deus elegeu antes da fundação do mundo todos aqueles que ele sabe que perseverariam até o fim. Deus nos dá todos os meios para que possamos ser regenerados, justificados, santificados e por fim glorificados. Graça do início ao fim. A salvação é pela graça mediante a fé em Cristo. Os males deste mundo provém do coração pecaminoso do homem. Deus o entrega a suas paixões e ele, no uso de sua liberdade o desagrada criando todo tipo de males e sofimentos. Deus, possui todo o controle das ações humanas, mas não no sentido de ordená-las. Nada acontece sem que Ele permita.

Baseado nisso gostaria de comentar algumas afirmações de um rapaz chamado JP Padilha que argumentou comnigo que Deus criou os réprobos especificamente para jogá-los no inferno no dia do juízo. Essa é a consequência lógica final do calvinismo em relação aos perdidos. Depois de cada comentário do rapaz, seguirá o meu devidamente assinalado. Segue o texto do rapaz:

 “VASOS DE HONRA” E “VASOS DE DESONRA” (Supralapsarianismo) 

"Porque se introduziram alguns, que já ANTES ESTAVAM ESCRITOS PARA ESTE MESMO JUÍZO, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo". (Judas 1:4)

Construíram nos montes os altares dedicados a Baal, para queimarem os seus filhos como holocaustos oferecidos a Baal, coisa que não ordenei, da qual nunca falei nem jamais me veio à mente. “ (Jeremias 19:5)

Vamos deixar a Escritura explicar a Escritura. As situações são parecidas. Pessoas introduzidas no meio do povo de Deus praticando coisas que o desagradam. Em um dos textos se afirma que eles já estavam escritos para este mesmo juízo. No outro , citado por mim, Deus diz que nunca ordenou tal coisa [o pecado], nem lhe veio à mente. Sabemos que Deus é racional, logo este texto está sendo interpretado errado pelo rapaz. Possivelmente Judas estava falando das profecias que afirmavam que esse tipo de coisa aconteceria no seio da Igreja.

--> "Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, PARA OS QUAIS ESTÁ ETERNAMENTE RESERVADA A NEGRURA DAS TREVAS". (Judas 1:12,13) 

Deus criou o inferno para os pecadores (anjos e homens). A reserva eterna no texto é coletiva e não individual. É interessante também como o pecado deles e o fato de eles o terem escolhido deliberadamente é ressaltado por Deus como a causa do juízo eterno.

--> “O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios desígnios, até o ímpio para o dia do mal”. (Provérbios 16:4)

Alguém está dizendo aqui que não foi Deus quem fez os ímpios, ou que, segundo os designios de Deus os mesmos não sofrerão a pena própria dos pecadores, a qual foi ordenada por Ele mesmo? Deus é Senhor da história e ele certamenbte não foi pego de surpresa pelo pecado da humanidade.

--> "Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,
O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, AINDA ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós"; (1 Pedro 1:19,20)

Sim, Cristo foi eleito para este fim. Nisso concordamos.

--> "E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do CORDEIRO QUE FORA MORTO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO". (Apocalipse 13:8)

Idem.

O Cordeiro fora imolado antes da fundação do mundo, certo? Por que razão DEUS decretaria a Salvação senão porque ANTES Ele havia decretado a QUEDA? O que motivou Deus a SACRIFICAR O CORDEIRO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO (Apocalipse 13:8)??? ATOA???

Isso é sequência lógica baseada em pressupostos errados. A Escritura não diz que Deus decretou a queda de Adão.

Era necessário que existisse um "PROBLEMA" a ser resolvido, para que, então, a SOLUÇÃO fosse decretada. 

Então Deus não é soberano o suficiente? Ele precisaria criar o problema para depois apresentar a solução?

Que PROBLEMA era este?

A Salvação é um processo eterno e não transitório. É uma sequência de fatos que ocorrem eternamente, sem ter começo ou fim. Isto sempre esteve na mente de DEUS (Romanos 8:30). Vemos que o “vaso de honra” (Romanos 9) sempre foi salvo, e, de modo decretivo, ele nunca esteve PERDIDO. Costumamos dizer: "Uma vez salvo, sempre salvo", não? Então, por que causa isto mudaria com relação aos réprobos, considerando que a mesma passagem de Romanos 9 descreve o “vaso de desonra” como preparado para a perdição? Ou seja, uma vez PERDIDO, sempre perdido!!! 

Efésios 2

1 Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados,
2 nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência.
3 Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira.

O destino dos salvos era a morte eterna. Deus nos resgatou e nos deu um novo destino, a salvação em Cristo.

Definitivamente, Deus não contemplou o homem caído para depois ordenar sua perdição (visão defendida pela seita arminiana), assim como DEUS não olhou para a santidade do homem para salvá-lo. Se Ele operou a santidade nos Seus antes mesmo de O conhecerem, Ele, igualmente, conduziu o restante à PERDIÇÃO, deixando-os cair no pecado, não dando a eles o arrependimento que provém do Espírito; e, do mesmo modo Ele o fez com Esaú, que com lágrimas buscou lugar de arrependimento e não encontrou (Hebreus 12:17). Não há sentido em aceitar que Deus JAMAIS tenha olhado para as obras do eleito para salvá-lo, para depois dizer, paradoxalmente, que o Senhor teve de contemplar o estado decaído do homem para, só depois, predestiná-lo à perdição. Se Ele não olhou para o coração do homem para salvá-lo, porém tão somente para o beneplácito de Sua vontade, Ele também o fez para preordenar a ruína dos réprobos, sem olhar para as falhas dos mesmos.

Todas as ricas bençãos que Deus nos propicia em Cristo são por sua graça mediante a fé nEle. Nada em nós nos fez merecer coisa alguma que Ele nos concedeu. Corresponder ao chamado de Cristo não é mérito, é a única alternativa a pecadores totalmente depravados e impossibilitados de fazer bem algum.

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Vincent Cheung faz uma declaração cirúrgica sobre isso: 'A queixa de que no Supralapsarianismo Deus decreta a identidade dos réprobos sem considerar a pecaminosidade deles, é inválida. Já foi estabelecido, acima, que a reprovação é incondicional, assim como a eleição dos santos, de forma que esta queixa não apresenta nenhum problema'. 

Quem insiste no erro depois de muita repreensão, será destruído, sem aviso e irremediavelmente. (Provérbios 29:1)

A reprovação dos réprobos é pelo fato de eles serem repreendidos e insistirem no erro. Isso é condicionalidade.

sábado, 20 de agosto de 2016

Definindo uma "igreja" herética?


Para falarmos sobre "igrejas" héticas, precisamos primeiro definir o que é igreja e o que é heresia.

A palavra "igreja" vem do grego ekklesia e significa "reunião de um povo convocado". 

A palavra "heresia" vem do latim haeresis e significa ensino ou opinião contrária à concepção de determinado grupo ou discordância daquilo que é tido como ortodoxo.

Como vemos, a Igreja é um conjunto dos indivíduos que foram convocados por Deus à salvação em Cristo (Rm 8:28-30; Ef 1:18; 4:4). Normalmente utilizo a palavra igreja, com i minúsculo, para designar qualquer instituição eclesiástica e Igreja, com I maiúsculo, para designar a Igreja como definida acima, o grupo de todos os salvos do passado, do presente e do porvir. Já heresia é uma tese que destoa dos artigos de fé já estabelecidos e amplamente aceitos pela Igreja. Como vemos, heresia, no original, é algo relativo, porém se cremos que os valores bíblicos são absolutos, logo podemos dizer que é possível determinar heresias de forma absoluta. Para cada grupo há um padrão de ortodoxia. Para os islâmicos esse padrão é o Corão, para os kardecistas, os escritos de Allan Kardec, para os católicos, um misto de autoridade da Escritura, do Papa e da tradição oral e para os protestantes, a Escritura somente. 

O padrão de uma igreja sadia deve ser a Escritura, somente a Escritura, e isso não anula a possibilidade da manifestação de profecias, revelações, visões, etc.. Neste caso, nós pentecostais, como defensores da atualidade dos dons do Espírito e do Sola scriptura, asseveramos que qualquer manifestação extra-escriturística deve apontar para as verdades da Escritura e nunca contradizê-las. Logo podemos dizer que através dos dons do Espírito, Deus nos alerta sempre para as verdade da Escritura e, se assim não for, devem ser rejeitadas quaisquer manifestações. É daí que vem o grande problema de interpretação do conselho de Paulo de julgar as profecias (1 Co 14.29). Paulo ali não falava das profecias do Antigo testamento, ou dos ensinos dos apóstolos, mas sim das profecias manifestas nos cultos, as quais precisavam ser analisadas à luz da Escritura e do dom de discernimento de Espíritos (1 Co 12:10). Muitos crentes se perdem nisso. Uns aceitam falsas profecias, e outros, falsos ensinamentos. O erro é o mesmo, pois o mesmo Espírito dá a profecia e a ciência e nos alerta tanto sobre falsos profetas, quanto sobre falsos mestres (2 Pe 2:1; Mt 7:15; At 20:29). Podemos mesmo dizer que a Igreja jamais é herética, porém as igrejas sim. Pois o conjunto dos salvos em Cristo segue a Cristo (Jo 10:27) e não a falsos profetas ou falsos mestres.

Mas qual é mesmo a marca de uma igreja herética? Qual é aquele sinal que é infalível? Podemos dizer que o cristianismo autêntico é pautado sempre por Cristo. A Escritura revela Cristo de Gênesis a Apocalipse. A grande marca da uma igreja herética é, não o cristocentrismo, mas o antropocentrismo, ou seja, o homem no centro e não Cristo. Neste caso, tudo nessas igrejas, substitui a Cristo. O dinheiro, os milagres, os anjos, os santos, um profeta, o próprio homem e tudo ao redor da satisfação do ego humano. O cristianismo é mesmo teocêntrico. Não podemos fugir disso ao custo de nos afastarmos da verdade do Evangelho (Hb 3). Essa é a marca das falsas igrejas e dos falsos ensinos que muitas vezes permeiam igrejas sérias (oremos por elas).

Tenha por certo que qualquer adoração a santos, ao dinheiro, aos homens de "deus" e ao próprio homem de uma forma geral não faz parte da vivência de uma igreja verdadeiramente chamada, convocada, por Deus!

Somente a Deus a Glória!

domingo, 7 de agosto de 2016

Quem é Jesus?


Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "Quem os homens dizem que o Filho do homem é? "Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas". "E vocês? ", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou? "Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo". Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus. (Mateus 16:13-17)

Muito se fala e se falou sobre Jesus Cristo durante a história. Jesus Cristo, por incrível que pareça, é um personagem respeitado em todo o globo terrestre, embora não tão compreendido. As religiões o respeitam. Os ateus, alguns pelo menos, o admiram e 2,4 blihões declaram segui-lo, os cristãos nominais formam 1/3 da população mundial, a maior religião em número de seguidores¹. 

Jesus Cristo é intrigante, mas foi ele mesmo quem disse que atrairia todos a ele (Jo 12:32) e as controvérsias são muitas e desde que a religião cristã dava os seus primeiros passos. Muitas foram as controvérsias a respeito de sua pessoa, sua natureza, sua obra. Até hoje de tempos em tempos levantam-se controvérsias sobre a pessoa de Cristo, obviamente facilmente resolvidas desde que se tenha um pouco de conhecimento de história da igreja e das doutrinas.

Diante disto, quero responder a pergunta do início deste artigo: Quem é Jesus? Obviamente que vou respondê-la à luz da Escritura.

Muitas são as referências ao messias prometido na Escritura, há citações de Gênesis a Apocalipse, vou citar somente algumas que julguei suficientes para um texto conciso.

1 - A semente da mulher

Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar". (Gênesis 3:15)

É uma profecia explícita acerca de Cristo. O salvador nasceria de uma mulher, 

[1] Cristianismo ainda é a maior religião do mundo. Acesso em  07 de Agosto de 2016. Disponível em <https://noticias.gospelprime.com.br/cristianismo-maior-religiao-mundo/>

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Quatro características de Moisés reveladas em suas orações

"Então lhe disse: Se tu mesmo não fores conosco, não nos faças subir daqui."
Êxodo 33:15 

Resultado de imagem para moises fala com deusEste é um fragmento de um dos muitos diálogos de Moisés com o Senhor Deus. Quando li este texto fui levado a refletir sobre nossas atitudes como servos de Deus. Moisés, a grande figura bíblica depois de Cristo pede a Deus que vá com o seu povo, e se não for assim, que não sejam levados a lutar sozinhos. Este texto nos mostra atitudes próprias de um servo de Deus. É bem provável que teríamos uma igreja muito mais triunfante sobre esta terra se tivéssemos mais servos de Deus com essa atitude. Senão vejamos:

1 – Moisés é sincero diante de Deus

Temos sido sinceros diante de nosso Deus? Moisés demonstra estar ciente da grande missão que Deus lhe deu e é sincero em relação a isso. Deus sabe de todas as coisas. Não adianta se fazer de forte diante de Deus. O que devemos ter em mente é que quanto mais despojados de nós mesmos formos diante de Deus, mais estaremos próximos de vermos o agir de Deus nas nossas vidas. Moisés não se fez de forte, ele explicitou a Deus sua pequenez, sua fraqueza como homem e pediu humildemente que Deus estivesse sempre com ele. Veja o que Deus nos diz em Filipenses 4.6:

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.

2 – Moisés confia no poder de Deus

Estamos usando as armas corretas? Moisés tinha um modesto exército a sua disposição. Não eram os hebreus a nação mais forte belicamente daquela época, porém o fato de terem fugido do Egito certamente causou um grande temor nas nações ao redor. Mesmo assim Moisés não pôs a sua confiança em si próprio ou na força dos hebreus, mas apenas em Deus.c Temos confiado no poder soberano de Deus, ou temos tentado lutar com nosso próprio braço? Em se tratando das coisas espirituais, temos que usar as armas espirituais que Deus nos deu. Foi o poder de Deus que fez e faz diferença na história daquele povo. A nós, igreja do Senhor, ele nos deixou este texto maravilhoso:

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.” (Efésios 6:11-13)

3 – Moisés confia somente em Deus

Temos confiado somente em Deus? Veja o que ele diz a Deus: “Se tu mesmo não fores conosco...”. Moisés não queria somente hostes angelicais, queria o próprio Deus agindo naquele negócio. Deus assim fez, como nuvem de dia e como fogo à noite acompanhou seu povo. Temos despojado do meio de nós os ídolos? Temos despojado de nossas vidas a confiança em terceiros, como se a graça de Deus não fosse suficiente? Moisés confiou somente em Deus para a realização daquela grande obra. Devemos estar cientes de que Deus nos é suficiente. Não precisamos de outro salvador além de Cristo. Não precisamos de outra revelação além da Bíblia Sagrada. Não precisamos de outra bênção Além da salvação em Cristo Jesus!

4 – Moisés não queria dar um só passo sem que Deus estivesse consigo

O que nós como igreja do Senhor precisamos entender é que fomos chamados para uma obra excelente e honrosa. Não somos uma mera corrente filosófica. Não somos um mero movimento social. Não precisamos confiar no nosso raciocínio lógico nem na ciência ou na política para termos sucesso como servos de Deus. Imbuídos da consciência de que essa obra é espiritual e transcende aos ditames desta terra, não nos tornaremos meros defensores de valores morais, seremos antes representantes, mensageiros de Deus e ele se manifestará em nossas vidas. Não queira ser apenas um grande orador, queira ser antes um pequeno e humilde servo de Deus. Com esta característica incomum, um discurso desajeitado pode fazer muito mais efeito, quanto mais um discurso eloqüente acompanhado de característica tão rara. Um conhecimento amplo e aprofundado das Escrituras e da Teologia pode ser muito marcante na vida de um ministro do Evangelho, outrora se ele não for um homem de oração, toda essa carga poderá lhe afundar em um mar de egoísmo e incredulidade. Queria Deus em cada passo dado em seu ministério e você verá uma nação de escravos ser liberta para servir a Deus! Sejamos éticos, humildes, verdadeiros, honestos, amorosos, defensores da verdade e da justiça e não seremos confundidos pelas mentiras do inimigo.

A Deus somente a Glória!


Clébio Lima de Freitas

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