Esta
discussão se iniciou na internet depois de uma publicação da
seguinte imagem:
O
debate em si se estende há séculos.
O
Calvinismo surgiu como uma volta à teologia de Santo Agostinho por
ocasião da Reforma Protestante. Como bem sabemos, Santo Agostinho
foi um profícuo teólogo que muito contribuiu para a soteriologia e
condenou veementemente as ideias apregoadas por Pelágio de que o
homem é naturalmente bom com todas as suas consequencias lógicas
incluindo a negação da doutrina do pecado original. O
protestantismo, de uma forma geral, conseguiu vencer o
semi-pelagianismo, uma derivação do pelagianismo, predominante em
sua época através desse retorno às idéias de Santo Agostinho, e
principalmente, às Escrituras. Já o arminianismo, apesar de possuir
os mesmos valores do calvinismo e do protestantismo em geral, surgiu
como uma alternativa à visão determinista de Calvino. Para
Armínio, a imagem de Deus criada pelo calvinismo era a de um ser mal
e incompassivo, algo bem diferente do Deus revelado nas Escrituras,
um Deus justo e amoroso, que resgata os pecadores da perdição
eterna através do sacrifrício vicário de seu Filho. Para Armínio
o amor e a justiça de Deus estão no mesmo patamar.
Calvinismo
e arminianismo representam sobretudo paradigmas de interpretação da
Bíblia. Se o leitor da bíblia é calvinista, ele vai interpretar os
textos segundo essa ótica, e assim também o arminiano. O que marca
esses paradigmas são seus pressupostos.
De
forma resumida vemos aqui as diferenças básicas entre essas duas
linhas teológicas.
Para
o calvinista a fé é um dom de Deus e isso significa que Deus dá a
fé ao crente de forma que este não pode resistir à mesma. Ele
então crê e persevera até o fim. O salvo já é salvo antes de
crer. Não é possível apostatar da fé, já que Deus é mais forte
que nós. Fica então o problema. Por que Deus não dá o dom da fé
a todos para que assim todos se salvem? Para o calvinista, os eternos
propósitos de Deus são que alguns se salvem e outros se percam, de
forma que Deus criou os eleitos para a a salvação eterna e os
réprobos para a perdição eterna. Tudo já está predeterminado
desde a aternidade e tudo o que acontece no mundo foi determinado
ativamente por Deus, inclusive este artigo que eu estou escrevendo e
que, para os calvinistas, não agrada a Ele nem um pouco. Tudo que há
de bom ou de mal no mundo é orquestrado por Deus.
Para
o arminiano a fé é a resposta do homem à graça divina. Isso
significa que Deus fala aos corações dos homens e estes podem ou
não resistir a essa graça. Quem perseverar até o fim herdará a
vida eterna. Para alguns arminiaos é possível apostatar da fé,
para outros não. Deus elegeu antes da fundação do mundo todos
aqueles que ele sabe que perseverariam até o fim. Deus nos dá todos
os meios para que possamos ser regenerados, justificados,
santificados e por fim glorificados. Graça do início ao fim. A
salvação é pela graça mediante a fé em Cristo. Os males deste
mundo provém do coração pecaminoso do homem. Deus o entrega a suas
paixões e ele, no uso de sua liberdade o desagrada criando todo tipo
de males e sofimentos. Deus, possui todo o controle das ações
humanas, mas não no sentido de ordená-las. Nada acontece sem que
Ele permita.
Baseado
nisso gostaria de comentar algumas afirmações de um rapaz chamado
JP Padilha que argumentou comnigo que Deus criou os réprobos
especificamente para jogá-los no inferno no dia do juízo. Essa é a
consequência lógica final do calvinismo em relação aos perdidos.
Depois de cada comentário do rapaz, seguirá o meu devidamente
assinalado. Segue o texto do rapaz:
“VASOS
DE HONRA” E “VASOS DE DESONRA” (Supralapsarianismo)
"Porque
se introduziram alguns, que já ANTES ESTAVAM ESCRITOS PARA ESTE
MESMO JUÍZO, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça
de Deus, e negam a Deus, único dominador e Senhor nosso, Jesus
Cristo". (Judas 1:4)
“Construíram
nos montes os altares dedicados a Baal, para queimarem os seus filhos
como holocaustos oferecidos a Baal, coisa que não ordenei, da qual
nunca falei nem jamais me veio à mente. “
(Jeremias 19:5)
Vamos
deixar a Escritura explicar a Escritura. As situações são
parecidas. Pessoas introduzidas no meio do povo de Deus praticando
coisas que o desagradam. Em um dos textos se afirma que eles já
estavam escritos para este mesmo juízo. No outro , citado por mim,
Deus diz
que nunca ordenou tal coisa [o
pecado],
nem lhe veio
à mente. Sabemos
que Deus é racional, logo este texto está sendo interpretado errado
pelo rapaz. Possivelmente Judas
estava falando das profecias que afirmavam que esse tipo de coisa
aconteceria no seio da Igreja.
--> "Estes são manchas em vossas festas de amor, banqueteando-se convosco, e apascentando-se a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos de uma para outra parte; são como árvores murchas, infrutíferas, duas vezes mortas, desarraigadas Ondas impetuosas do mar, que escumam as suas mesmas abominações; estrelas errantes, PARA OS QUAIS ESTÁ ETERNAMENTE RESERVADA A NEGRURA DAS TREVAS". (Judas 1:12,13)
Deus
criou o inferno para os pecadores (anjos e homens). A reserva eterna
no texto é coletiva e não individual. É interessante também como
o pecado deles e o fato de eles o terem escolhido deliberadamente é
ressaltado por Deus como
a causa do juízo eterno.
-->
“O Senhor fez todas as coisas para atender aos seus próprios
desígnios, até o ímpio para o dia do mal”. (Provérbios 16:4)
Alguém
está dizendo aqui que não foi Deus quem fez os ímpios, ou que,
segundo os designios de Deus os mesmos não sofrerão a pena própria
dos pecadores, a
qual foi ordenada por Ele mesmo?
Deus
é Senhor da história e ele certamenbte não foi pego de surpresa
pelo pecado da humanidade.
-->
"Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro
imaculado e incontaminado,
O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, AINDA ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós"; (1 Pedro 1:19,20)
O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, AINDA ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós"; (1 Pedro 1:19,20)
Sim,
Cristo foi eleito para este fim. Nisso concordamos.
-->
"E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos
nomes não estão escritos no livro da vida do CORDEIRO QUE FORA
MORTO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO". (Apocalipse 13:8)
Idem.
O Cordeiro fora imolado antes da fundação do mundo, certo? Por que razão DEUS decretaria a Salvação senão porque ANTES Ele havia decretado a QUEDA? O que motivou Deus a SACRIFICAR O CORDEIRO ANTES DA FUNDAÇÃO DO MUNDO (Apocalipse 13:8)??? ATOA???
Isso
é sequência
lógica baseada
em pressupostos errados.
A Escritura não diz que
Deus decretou a queda de Adão.
Era
necessário que existisse um "PROBLEMA" a ser resolvido,
para que, então, a SOLUÇÃO fosse decretada.
Então
Deus não é soberano o suficiente? Ele precisaria criar o problema
para depois apresentar a solução?
Que PROBLEMA era este?
A
Salvação é um processo eterno e não transitório. É uma
sequência de fatos que ocorrem eternamente, sem ter começo ou fim.
Isto sempre esteve na mente de DEUS (Romanos 8:30). Vemos que o “vaso
de honra” (Romanos 9) sempre foi salvo, e, de modo decretivo, ele
nunca esteve PERDIDO. Costumamos dizer: "Uma vez salvo, sempre
salvo", não? Então, por que causa isto mudaria com relação
aos réprobos, considerando que a mesma passagem de Romanos 9
descreve o “vaso de desonra” como preparado para a perdição? Ou
seja, uma vez PERDIDO, sempre perdido!!!
Efésios 2
1 Vocês
estavam mortos em suas transgressões e pecados,
2 nos
quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e
o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos
que vivem na desobediência.
3 Anteriormente,
todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da
nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros,
éramos por natureza merecedores da ira.
O
destino dos salvos era a morte eterna. Deus nos resgatou e nos deu um
novo destino, a salvação em Cristo.
Definitivamente,
Deus não contemplou o homem caído para depois ordenar sua perdição
(visão defendida pela seita arminiana), assim como DEUS não olhou
para a santidade do homem para salvá-lo. Se Ele operou a santidade
nos Seus antes mesmo de O conhecerem, Ele, igualmente, conduziu o
restante à PERDIÇÃO, deixando-os cair no pecado, não dando a eles
o arrependimento que provém do Espírito; e, do mesmo modo Ele o fez
com Esaú, que com lágrimas buscou lugar de arrependimento e não
encontrou (Hebreus 12:17). Não há sentido em aceitar que Deus
JAMAIS tenha olhado para as obras do eleito para salvá-lo, para
depois dizer, paradoxalmente, que o Senhor teve de contemplar o
estado decaído do homem para, só depois, predestiná-lo à
perdição. Se Ele não olhou para o coração do homem para
salvá-lo, porém tão somente para o beneplácito de Sua vontade,
Ele também o fez para preordenar a ruína dos réprobos, sem olhar
para as falhas dos mesmos.
Todas
as ricas bençãos que Deus nos propicia em Cristo são por sua graça
mediante a fé nEle. Nada em nós nos fez merecer coisa alguma que
Ele nos concedeu. Corresponder ao chamado de Cristo não é mérito,
é a única alternativa a pecadores totalmente depravados e
impossibilitados de fazer bem algum.
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Vincent Cheung faz uma declaração cirúrgica sobre isso: 'A queixa de que no Supralapsarianismo Deus decreta a identidade dos réprobos sem considerar a pecaminosidade deles, é inválida. Já foi estabelecido, acima, que a reprovação é incondicional, assim como a eleição dos santos, de forma que esta queixa não apresenta nenhum problema'.
Quem
insiste no erro depois de muita repreensão, será destruído, sem
aviso e irremediavelmente. (Provérbios 29:1)
A
reprovação dos réprobos é pelo fato de eles serem repreendidos e
insistirem no erro. Isso é condicionalidade.